Desde o dia 10 de junho de 2012 (dia em que o Taiti garantiu vaga para a Copa das Confederações) já se sabia que a seleção seria massacrada dentro das quatro linhas. O absurdo desempenho já se era esperado, mas, não se esperava que a seleção marcasse tanto sua vinda ao Brasil, os taitianos deram um show, dentro e fora de campo. Infelizmente o show não foi com a bola.
A conquista da Taça da Oceania, por si só, foi histórica, a primeira seleção a destronar Nova Zelândia e Austrália (que mudou para Ásia na geográfica fifística) em gramados oceânicos. Isso já seria suficiente para alguns clubes, jogadores e torcedores brasileiros passassem a ter certo tipo de “esnobismo” com seus países vizinhos. Isto não aconteceu.
Eles vieram ao Brasil, com uma única missão: dar seu máximo e jogar limpo. 23 atletas e apenas um profissional (Marama Varihua, taitiano que deixou seu país bem cedo e chegou a jogar pela seleção de base francesa. Sua primeira convocação para o Taiti foi nessa Copa das Confederações). Além disso, entre motoboys, personal trainers e professores, o plantel da equipe estava recheado de desempregados também.
Sem duvida alguma, os taitianos trouxeram as melhores imagens da competição. Também trouxeram humildade e gestos difíceis de encontrar por aí. Levaram de seis, oito e dez e em nenhum momento partiram para violência, em nenhum momento deixaram de lutar pelo tão sonhado gol, que veio logo na primeira partida, seguida de uma comemoração comovente cheia da alegria que é peculiar a aqueles que amam esse esporte.
Quando foi a ultima vez que você viu um clube da sua cidade ir visitar uma favela e dar ingressos para pessoas menos afortunadas apenas para dividir o momento qual eles estavam passando? Aí dirão: “Ah, isso por que eles não são famosos. Se fossem um pouquinho, eles não fariam nada disso!”, engana-se quem pensar dessa forma. Em apenas dez meses de imprensa esportiva paraibana, já vi muito Zé Ninguém com arrogância de campeão mundial.
Dentro do relvado, faltou organização, técnica e preparo físico. Sobrou vontade, sobrou alegria, sobrou fair play e também muita inexperiência. Mas as atitudes demonstradas fora de campo fizeram com que a equipe ganhasse por completo o torcedor brasileiro, e não foi aquela torcida peculiar ao brasileiro, de sempre ir ao lado do mais fraco, os taitianos ganharam o publico aqui de forma tão singular, que talvez dividisse o estádio numa partida contra os anfitriões.
E no final, ficaram as imagens e historias para contar. Dificilmente alguém superará negativamente essa campanha, dificilmente veremos o Taiti em um mundial nos próximos anos, mas uma semente foi plantada para a evolução do futebol de lá e um bom exemplo para o futebol daqui.
No final das contas, eles voltam para casa com boas historias, partidas em dois estádios míticos e lembranças incríveis. Levarão consigo para sempre a indescritível sensação de ser apoiado por milhares de torcedores e serão gratos eternamente ao Brasil pela estadia. Mas, o selecionado do Taiti também ficará marcado em alguns brasileiros, inclusive eu, que (emocionado) não consegui parar de aplaudir aquela seleção até que deixasse completamente o campo na partida final.